segunda-feira, agosto 07, 2006

CR - Artesanato

Artesanato
Na carta de foral concedida a Castelo Rodrigo, no ano de 1209, vêm referenciadas as actividades artesanais praticadas no concelho.A tosquia Esta legislação era bastante severa, principalmente com aquelas de que dependia o esforço militar da defesa do território.
Como actividade de apoio à agricultura, rara seria a freguesia que não tivesse um ferreiro, um ferrador e carpinteiros. Paralelamente a estes artesãos, outros havia tendo em vista o apoio às necessidades básicas, destacando-se os sapateiros, tecelões, latoeiros, cesteiros, forneiros e moleiros, entre outros.
A industrialização tornou o artesanato obsoleto e dispendioso, levando-o a uma gradual extinção. No concelho ainda se encontram algumas actividades artesanais, agora, com reduzida produção. Passemos em revista algumas delas:

Cadeiras
São poucos os artesãos que se dedicam a este trabalho. Destacam-se entre outros, Augusto lameira, da Vermiosa e os irmãos Gouveia: António e Luís, da Mata de Lobos.
Para os assentos das cadeiras, bonitos e duradouros, usam a tábua ou o junco.
Estes materiais são cortados na ribeira e estendidos no chão, para secar. Antes de serem trabalhados, os molhos são regados para ficarem maleáveis.
Da tábua é utilizada a maçaroca, o miolo e a fibra que o envolvem. Fazendo um nó na perna esquerda da frente da cadeira, a tábua ou o junco, «corre» em toda a volta do assento. Depois do trabalho concluído, é rematado no centro e procede-se ao «fechamento», com o auxílio de uma palheta, dando um nó na parte de baixo.
Cestaria
Dos antigos artesãos deste oficio, Armindo Amador, de Mata de Lobos, é a única pessoa que, actualmente, a ele se dedica. Para empalhar garrafões, utiliza a verga de salgueiro, o vime e a «verga de cavaca», retirada do pau do castanheiro, Com a liaça do vime faz os «tentos» que aguentarão a verga. Colocando vários «tentos» em redor do gargalo, o garrafão é totalmente envolvido com o miolo. O fundo é feito à parte, com verga de salgueiro. Depois de colocado no seu lugar, é solidamente amarrado com os «tentos».
Ao iniciar o trabalho, Armindo Amador coloca um pau grosso no lugar da asa. No final, aquele é retirado e a asa, previamente feita com vime, é entrelaçada e colocada no garrafão. Durante o trabalho, o miolo deve estar sempre mergulhado num caldeiro com água, para evitar que seque e se quebre.

Latoaria
Ainda se encontram alguns artesãos deste ofício, como Eduardo Macias, Maria Fernanda da Silva e Luís Filipe Morgado Lorga, todos de Escalhão. Eduardo Macias na sua oficinaEm Figueira, Manuel António Ribeiro também se dedica a este trabalho.
A matéria prima é a chapa zincada, o metal amarelo e a folha-de-flandres. Com o auxílio de um compasso de bicos ou com o «riscador», os elementos da peça são riscados na chapa. Depois, cortam-se com a ajuda de uma tesoura apropriada. Para adquirirem a forma desejada, as peças maiores são batidas sobre a bigorna que está assente num cepo.
Aperfeiçoados, os elementos são soldados entre si. No final, retiram-se os resíduos da solda com a raspadeira. Efectuam-se, então, os acabamentos para a peça ficar perfeita.

Olaria
O oleiroManuel Quadrado Ribeiro é o único oleiro do concelho. Sentado à mesa, faz uma bola com um pedaço de barro e coloca-o no centro do «tampo da roda», espalmando-a e dando-lhe um forma côncava. Movimentando a roda com o pé, mete os dedos dentro da bola, amparando-a com a outra mão, pelo lado de fora.
Por acção do movimento da roda e da pressão exercida pelos dedos do oleiro, o barro sobe, ao mesmo tempo que é moldado. Quando o objecto atinge a forma desejada, é retirado da roda, separando-o daquela com a ajuda de um fio.
As peças são colocadas ao sol para secarem. Depois de seca, a louça é transportada para o forno. Quando o barro apresentar uma cor avermelhada, é sinal e que a cozedura chegou ao fim.

Ferreiro
Oficina de ferreiroOs ferreiros ocuparam um lugar importante na vida económica da região. Eles ajudavam os lavradores no conserto das alfaias agrícolas e dos meios de transporte, assim como na feitura de portões e demais utensílios caseiros.
Logo de manhã cedo, o som do malho a bater na bigorna acordava a vizinhança. Dentro da oficina, um homem enfarruscado pelo pó do carvão, e iluminado pelas chamas ondulantes que se libertavam da forja, trabalhava o ferro.
Aceso o lume, colocava um espeto no meio das brasas, para aquele apanhar melhor «respiração». O negro carvão adquiria um tom avermelhado. As brasas, alimentadas pelo grande fole que o ferreiro manobrava com a mão livre, eram aconchegadas com o «ranhadeiro».
Atingida a temperatura ideal, as peças eram metidas no meio do braseiro incandescente. Quando pequenas estrelas brancas se desprendiam das brasas, era sinal de que o ferro estava pronto para a soldadura. Juntavam-se as peças, e o ferro, ao derreter, ligava-as solidamente. De seguida, o ferreiro segurava-as com a tenaz e colocava-as em cima do cavalete. Então, com um malho, batia-as, desprendendo-se uma chuva de faúlhas espalhando-se em todas as direcções.
Para que a peça soldada ficasse mais resistente, era sujeita de novo, ao intenso fogo da forja, a fim de «caldear». Depois, metia-a numa pia com água, arrefecendo e ganhando «têmpera».

Miniaturas em madeira
Lindas misturas em madeiraQuantos de nós, em criança, não nos distraímos com um canivete e um pedaço de madeira, ou de cortiça, tentando dar forma ao material que tínhamos entre mãos? Uns mais dotados do que outros, lá conseguíamos criar miniaturas de objectos do quotidiano, ou do nosso imaginário.
No concelho de Figueira de Castelo Rodrigo há três artesãos que se dedicam, nos seus tempos livres a esta actividade, criando belas peças que nos encantam: Na freguesia de Algodres, encantam-nos as minúsculas alfaias agrícolas e os utensílios domésticos, feitos com madeira de pinho e de freixo, saídos das mãos habilidosas de Francisco Susano Pacheco.
Em Escalhão, chamam-nos a atenção as capelinhas para imagens religiosas e as lindas palmeiras, com os ramos pendentes, feitas com molas de roupa, em que se aproveita o centro para uma floreira; as cestas e fruteiras elaboradas com pedacinhos de cana e madeira. Estes trabalhos são da autoria de Augusto Afonso.
Em Mata de Lobos, ficamos com a certeza de que as mãos são o berço da imaginação e os dedos obreiros do impulso da criatividade, ao admirarmos os trabalhos de João da Rua. Recolhendo raízes de giestas e galhos de zimbro, com um simples canivete, serrote e verruma, dá vida aos paus, transformando-os em réplicas de aves e outros animais com quem diariamente se cruza no seu mister de pastor.

Pintura em tecidos

Pintura em tecido e outros materiais
Pintar é uma forma sublime de exprimir um sentimento. António Cravo Pimenta, residente na sede do concelho, dedica-se a um tipo invulgar de artesanato na região: pintar almofadas, toalhas d' altar, sacos com alfazema e outros. No seu trabalho utiliza, para além dos tecidos, a tinta apropriada e pincéis.
Por outro lado, a Helena Maria Quadrado Rodrigues, a residir em Castelo Rodrigo, dedica algumas das suas horas livres à pintura. Usando uma tinta apropriada para o género de trabalhos que expõe, a jovem pinta em madeira, vidro, porcelana, barro e «T shirts». Desenhando o motivo que pretende utilizar, usa bisnagas apropriadas em que a tinta dá relevo à forma desejada.

A tecedeiraTecelagem
A tecelagem é a fase final de um ciclo que começa com a tosquia e termina na cardagem da lã. Desta sai um fio grosseiro para fazer as roupas quentes e os agasalhos de Inverno. Misturando na urdideira a lã e o algodão, surge a matéria-prima para a confecção de cobertores e mantas, sendo o tear a peça fundamental deste trabalho.
Poucas são as tecedeiras que ainda laboram no concelho

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